Estimativas são previsões que nem sempre se confirmam, mas, a apostar no que diz um relatório do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) desta quinta-feira (15), o Brasil abocanhará uma boa parcela do mercado mundial de commodities nos próximos dez anos.
O país será responsável pelo fornecimento de quase metade (47%) dos 205 milhões de toneladas da soja que será comercializada no mundo daqui a uma década.
Na ocasião, a carne de frango brasileira responderá por 46% dos 14 milhões de toneladas vendidos, e à carne bovina e ao milho estará destinada participação maior no mercado mundial, chegando cada um a um quarto do total comercializado.
Para assegurar que a previsão se concretize —e, quem sabe, até mesmo ir além delas—, o Brasil terá de ficar de olho em alguns países. Um deles é o México, que vai elevar as importações de quase todos os principais produtos exportados pelo Brasil.
O Usda estima que, para garantir o abastecimento interno, o México, em dez anos, vá elevar em 60% a compra de milho. Tudo indica que vá enfrentar dificuldades também para suprir a demanda interna de proteínas, o que levará a um aumento de 80% na compra de carne bovina e de 40% na de frango, considerados os volumes atuais.
Se, por um lado, o Brasil ainda precisa conquistar o México, por outro, sua relação com a China pode ser considerada estável graças ao volume de importação desta e ao potencial de produção daquele.
Em dez anos, a China vai ter uma elevação de 47% na importação de soja, atingindo um patamar de 143 milhões de toneladas da oleaginosa. Mas não vai ficar nisso: os chineses vão incrementar também as compras de milho. Em 2028, deverão adquirir 7,5 milhões de toneladas do cereal, um aumento de 150%.
Segundo as previsões do Usda, a elevação do padrão de renda na China tornará o país mais dependente do mercado externo também em relação à aquisição de proteínas. As importações de carne bovina deverão crescer 73%, atingindo 1,6 milhão de toneladas, e as de frango, 36%, num total de 660 mil toneladas.
Em 2024, tudo indica que os chineses já terão desbancado os americanos, assumindo a liderança mundial nas compras externas de carne bovina. Os países desenvolvidos deverão manter as compras de commodities e de proteínas nos próximos dez anos.
O Brasil precisa abrir ainda mais as porteiras para os países em desenvolvimento da América Central, da África, do Oriente Médio e da Ásia. O Vietnã, por exemplo, está na lista dos que aumentam de forma acelerada as importações de milho, de soja e de carnes.
Enquanto o Brasil eleva a participação mundial na venda de alimentos, os Estados Unidos perdem espaço, tanto em grãos como em proteínas.
Para onde vai - O Brasil deverá produzir 341 milhões de toneladas de grãos em 2027. A estimativa é do Usda, que prevê um aumento de 5 milhões de hectares na área de produção brasileira.
Alívio - A queda de preços da soja, da carne bovina, do frango e de aves ajudou o IGP-10 da FGV recuar 1% neste mês. Já o tomate e a mandioca estiveram entre as principais altas no período.
Syngenta - As vendas somaram US$ 12,7 bilhões no ano passado, 1% menos do que em 2016. O setor de proteção às lavouras foi um dos responsáveis pela queda, recuando 3% no período.
Em alta - As vendas de produtos da multinacional subiram em todas as principais regiões produtoras do mundo, com exceção da América Latina, onde houve recuo de 12%.
Brasil - O país teve uma boa responsabilidade na queda de vendas na América Latina. Os estoques de produtos das revendedoras e das cooperativas estavam elevados.
Desafiador - Para Erik Fyrwald, presidente da empresa, o mercado agrícola continua desafiador devido aos baixos preços dos grãos.
Laranja - A safra de laranja de São Paulo e do Triângulo Mineiro deverá ser de 397,3 milhões de caixas, 3% mais do que se previa em dezembro. A elevação se deve ao aumento dos frutos, segundo o Fundecitrus.
fonte: Udop, com informações da Folha de S.Paulo (escrita por Mauro Zaflaon, na coluna Vaivém das Commodities)
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